Querid@s,
antes que o semestre efetivamente termine e motivado pela nossa linda foto na Bienal do Mercosul postada abaixo (nem tod@s estão presentes nela, mas tod@s estão com certeza no coração), gostaria de deixar documentado aqui nesse espaço que juntos construímos o tanto que sou grato a cada um de vocês por tudo o que aprendi com esse grupo nesse momento de formação.
Foi muito gratificante e rico acompanhá-los desde as disciplinas que trabalhei nos anos de 2008, 2009 e 2010 enquanto professor substituto e logo após durante três semestres de Docência Orientada (2011/2012) para finalmente ver alguns já formados, tocando suas vidas, outros em vias de concluir o curso e iniciar uma nova etapa.
Nesses quase cinco anos, laços foram construídos, mapas de percursos foram traçados... Invasões, enfim... uns na vida dos outros. Foram momentos únicos, não porque foram mais importantes que outros, mas porque cada um de nós fez acontecer de uma forma diferente, própria, desenhou um tipo de traçado nesse diagrama que não se encerra aqui, já que cada um levará marcas dele para sua vida profissional, mas fica suspenso em algum lugar, sendo que nossos corpos não estarão mais ocupando os mesmos espaços, tendo o mesmo tipo de contato e produzindo as mesmas coisas.
Como forma de dar um abraço virtual em cada um de vocês, abaixo colo alguns fragmentos de um texto que escrevi há algum tempo para a 57ª turma de Pedagogia da UFSM, turma essa que fui homenageado como Patrono, mas que relendo o mesmo há alguns dias percebi que nele estão escritas muitas das coisas que gostaria de dizer também a vocês, nessa pseudo-despedida:
"(...) creio que nós
professores que trabalhamos com a formação de outros profissionais-professores, (...) não estivemos nestes
anos tentando passar verticalmente à vocês qualquer coisa, ou ainda ensiná-los
nada, nem mesmo estivemos tentando transformá-los em bons seres-humanos, em
melhores cidadãos. Nosso papel foi mais além disso. Estivemos sim trabalhando
com os saberes pertencentes à ciência da educação, entretanto não somos os
detentores da verdade, se é que ela exista. Estivemos principalmente, dentro do
que acreditamos, fazendo convites que caberá a cada um a escolha por aceitar
ou não, por seguir ou não.
Assim, optei por não lhes dizer
nada que tenha um tom mais ou menos de orientação, ou de promessa, ou de
conselho, ou de vislumbre, mas sim, gostaria que minhas palavras estivessem na
esfera do que desejo a vocês de agora em diante, entendendo que cada
experiência é única e intransferível, e que não há o que possa ser dito para
resguardá-los do turbilhão de emoções e sentimentos (muito bons, outros tantos ruins)
que os acompanharão no caminho escolhido por cada um, o caminho de ser
professor. Tal percurso deverá sim ser trilhado individualmente, e caberá assumir suas próprias escolhas, entender que ninguém mais é
responsável por nós mesmos e que o que valerá no fim de tudo não será o que a
vida fez com a gente, mas sim o que nós fizemos com o que a vida fez com a
gente.
Por tudo isso, desejo que vocês
continuem tendo estrelas nos olhos e lindos dias de sol, mas que quando vier o
tempo de chuva e tempestades, vocês não percam a confiança no que há de mais digno dentro de vocês.
Desejo que mantenham a cabeça
erguida e a coluna ereta e enfrentem com a sabedoria e a serenidade de um
ancião e o entusiasmo de uma criança as surpresas que a vida traz.
Desejo que vocês saibam ouvir as críticas
feitas a vocês com muita atenção, entendendo que elas nos ajudam muitas vezes a
lapidar a imagem sobre nós mesmos que oferecemos aos outros. Mas, sobretudo,
desejo que saibam ouvir com orgulho, porém sem soberba, os elogios e os
reconhecimentos que surgem inevitavelmente ao longo da vida dos homens de boa
fé e boa vontade, o que às vezes se torna mais difícil do que escutar a
críticas ferrenhas.
Desejo que vocês possam amar
pessoas, encontrar amigos e parcerias de trabalho que lhes ensinem todos os
dias que sozinhos não somos absolutamente nada. Mas não deixo de desejar que
vocês encontrem também inimigos (por que não?), que possam fazer vocês
desconfiarem todos os dias das próprias posturas e certezas.
Desejo que vocês compreendam que
não são onipotentes, que infelizmente sozinhos não poderão mudar o mundo.
Contudo, que não percam as forças sem sequer tentar. Tampouco percam a
capacidade de aprender, todos os dias um pouco e um pouco mais.
Desejo que vocês tenham um futuro
farto e generoso, mas que compreendam que há reconhecimentos em forma de ações,
gestos e olhares que não têm preço, e que possam satisfazerem-se plenamente com
eles, percebendo que o trabalho de dias, semanas, anos talvez, não foi em vão.
Que algo ficou. Para os estudantes, mas especialmente para vocês.
Encerro estas palavras desejando
ainda que vocês não percam a capacidade de amar as pequenas coisas, de aprender
com elas e de se encantar com o que fazem, ainda que achem o que fazem pouco.
Porque pode estar nas pequenas coisas as grandes razões de ser. Como diria
Guimarães Rosa, “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na
loucura”.
Cris